O novo filme da Netflix de Regina King, Shirley, que estreou hoje, está contribuindo para preservar o legado de Shirley Chisholm. Shirley Chisholm é um nome que deveria ser tão reconhecido quanto Martin Luther King Jr. ou Malcolm X quando se trata da história do Movimento dos Direitos Civis, porém até hoje ela é lamentavelmente ignorada nos livros de história americanos. O filme, escrito e dirigido por John Ridley, foca na campanha nacional de Chisholm para presidente em 1972, na qual ela foi uma das muitas candidatas que buscavam a nomeação democrata para concorrer contra o presidente republicano em exercício, Richard Nixon. Mesmo com George McGovern sendo o escolhido para a nomeação, Chisholm deveria ter sido a candidata! Regina King, que também é produtora do filme, interpreta Chisholm e há mais de uma década tentava trazer essa história para as telas. Agora ela finalmente pode compartilhar a história de Chisholm com o mundo.
O filme Shirley da Netflix é baseado na história real de Shirley Chisholm, a primeira mulher negra eleita para o Congresso dos EUA em 1968 e a primeira política negra a concorrer à indicação de um partido importante para presidente dos Estados Unidos em 1972. Chisholm nasceu no Brooklyn, Nova York, filha de imigrantes, e passou parte de sua infância em Barbados. Mesmo não conquistando a indicação presidencial, ela continuou servindo no Congresso até se aposentar em 1983. Foi cofundadora do Congresso Político Nacional de Mulheres Negras e recebeu a oferta de se tornar embaixadora dos EUA na Jamaica em 1993, porém teve que recusar devido a problemas de saúde. Ela faleceu aos 80 anos em 2005.
Como a maioria dos filmes baseados em histórias reais, Shirley apresenta algumas mudanças, inventos ou omissões para criar um filme mais atrativo ao público. Regina King fez uma extensa pesquisa para representar Chisholm da forma mais precisa possível, ouvindo entrevistas, assistindo vídeos da verdadeira Chisholm e trabalhando com um treinador de dialeto para acertar o sotaque e maneirismos da personagem. Barbara Lee, congressista e amiga de Chisholm, atuou como consultora no set de filmagem, trazendo ainda mais autenticidade à produção. A produtora Reina King, irmã de Regina, também participou do filme como a irmã de Shirley Chisholm e consultora.
Dois livros foram fundamentais para a pesquisa de Regina King: a autobiografia de Chisholm de 1970, Não comprado e não chefe, e seu livro de 1974, A boa luta, que detalhava sua campanha presidencial de 1972. Além disso, documentários, imagens de notícias e artigos foram utilizados para retratar com precisão a vida e o legado de Shirley Chisholm. A produção do filme contou com a presença de figuras importantes que conheceram e se inspiraram na verdadeira Chisholm, garantindo que sua história fosse contada com respeito e precisão.
Shirley é mais do que apenas um filme, é um tributo à vida de uma mulher que desafiou barreiras e lutou por justiça e igualdade. A atuação de Regina King e o cuidadoso trabalho de pesquisa tornam o filme uma homenagem digna a Shirley Chisholm, uma figura importante na história dos direitos civis nos Estados Unidos. O legado de Chisholm finalmente recebe o reconhecimento merecido graças a produções como esta.